Revista Brasileira de Avaliação
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Revista Brasileira de Avaliação

Chamada de artigos: Edição Especial n 10

Chamada encerrada

Avaliação, implementação no contexto da pós-verdade

Edição Especial n 10

Depois de um intervalo de quatro anos, a Revista Brasileira de Avaliação (RBA) retomou neste momento seu processo editorial. Com um projeto renovado, a revista assumiu caráter eletrônico e passou a operar com fluxo contínuo na submissão de artigos.

Enquanto o sistema de submissão está sendo preparada para lançamento em outubro, o compromisso dos editores em publicar o número 10 da revista em dezembro de 2020, signo da retomada, levou a esta convocação.

 

Contexto

Desde a publicação do número 9, em 2015, uma série de eventos de grande importância ocorreu no Brasil e por todo o mundo. A geopolítica mundial e a dinâmica dos estados nacionais foram sensivelmente alteradas pelo último conjunto de eleições, no que tem sido entendido por inúmeros analistas políticos como um novo ciclo de questionamento da relevância e dos efeitos das políticas públicas, bem como das iniciativas promovidas pelas organizações da sociedade civil e pelo setor privado.

Se as tecnologias digitais e as redes sociais foram decisivas nesses processos, tendo grande influência no processo político, outros fenômenos também marcam os últimos tempos. Entre eles, a baixa qualidade conversacional entre os atores, a ascensão do fenômeno da pós-verdade e a percepção de que os processos decisórios dos sujeitos e das organizações parecem estar mais capturados pela paixão e pelo medo do que orientados pelo bom senso, por fatos e por evidências científicas.

Nesta agenda, não é difícil cogitar que as avaliações também tenham sofrido golpes e enfrentado adversários às narrativas científicas e balanceadas que procuram sustentar. Se por um lado foi possível observar a crescente presença das avaliações na mídia geral e em inúmeras agendas institucionais, num evidente apelo aos bons laços esperados entre ciência, política e gestão, os últimos cinco anos apresentaram uma série de desafios para a prática avaliativa.

Como é visível para inúmeros atores, desafios de toda ordem têm tornado os ambientes político, econômico, ambiental e social ainda mais complexos e de difícil digestão para avaliações e avaliadores. Entre eles, o agravamento das mudanças climáticas, as ameaças à vida dos povos tradicionais e populações em situação de vulnerabilidade, a redução do financiamento para a saúde, assistência social, ciência e educação. Tudo isso agravado pela pandemia da COVID-19 que já ceifou a vida de centenas de milhares de pessoas.

Ao mesmo tempo, este também foi um período de franco desenvolvimento da avaliação. O crescente uso de métodos mistos, o desenvolvimento de avaliações mais ágeis e responsivas à realidade, o ingresso mais evidente dos temas da igualdade de gênero, da equidade racial e da interculturalidade nas avaliações, o reconhecimento da importância da participação dos atores e da triangulação de fontes, o uso de novas tecnologias para coleta e a análise dos dados baseadas em big data são alguns exemplos frequentemente reconhecidos.

 

Avaliação, implementação no contexto da pós-verdade

Neste cenário, torna-se importante observar os movimentos que caracterizaram as avaliações nos últimos cinco anos, bem como compreender tendências e possibilidades para o futuro. É neste sentido que o n10 da Revista Brasileira de Avaliação está em busca de autores que produzam materiais capazes de dialogar com os seguintes conjuntos de perguntas:

Métodos e abordagens avaliativas nos últimos cinco anos

Por onde andaram as avaliações no Brasil nos últimos cinco anos? Quais atores foram protagonistas neste período? Com quais finalidades as avaliações foram realizadas? De que modo as avaliações foram utilizadas pelos agentes públicos e privados? Quais modelos e práticas avaliativas favoreceram a implementação de políticas, programas e projetos de efetivo interesse público? Quais abordagens avaliativas tiveram maior apelo e sucesso no combate às desigualdades sociais e raciais? Quais avaliações foram mais efetivas para influenciar gestores públicos, sociedade civil e gestores privados?

Monitoramento e estudos de implementação

Em que medida a tecnologia digital tem sido utilizada nos processos de monitoramento? Quais modelos de monitoramento têm tido mais êxito para melhorar a implementação de políticas e programas? Em que medida as avaliações têm sido capazes de dialogar com o campo das ciências da implementação (implementation science)?

Relativismos, fake news pós-verdade

Em tempos de perigosos relativismos a questionar os saberes científicos e a desacreditar as evidências, quais discursos as avaliações têm oferecido à sociedade? Com quem as avaliações têm dialogado e quais grupos sociais elas têm servido? Que lugar há para os fatos e as evidências em um contexto de pós-verdade? 

Tendências e possibilidades para o futuro da avaliação

Qual o horizonte das avaliações? De que modo as avaliações poderão apoiar a formulação e implementação de políticas no mundo pós-pandemia? Quais serão as novas formas de coletar dados e de que modo elas articularão o uso de big-data a estudos com dados primários e desenhos qualitativos? O que poderá ajudar as avaliações a participarem de modo mais efetivo dos processos de tomada de decisão? Quais relações poderão ser desenvolvidas entre avaliações, jornalismo investigativo e imprensa? Quais modelos e abordagens avaliativas serão mais capazes de responder às desigualdades de gênero, sociais e raciais? De que modo as avaliações poderão ampliar seu diálogo com as parcelas mais vulneráveis da população?

Orientações aos autores

À luz de tais perguntas, queremos reunir artigos originais, ensaios e relatos de prática (estudos de caso) que dialoguem com os quatro blocos de perguntas. Apoiados pelos membros do conselho editorial, os editores irão convidar autores que apresentem manuscritos articulando as relações entre avaliação e implementação e/ou as relações entre avaliação e pós-verdade.

Instruções aos Autores

 

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